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sexta-feira, maio 06, 2016

Farsa: elefantes do circo Ringling Bros. não terão liberdade garantida conforme anunciado

Foto: Reprodução/ABC News
Foto: Reprodução/ABC News
O famoso circo norte-americano Ringling Bros. and Barney & Bailey anunciou que libertaria os elefantes explorados, após uma última apresentação.
Mas, na verdade, os animais só serão encaminhados ao Center for the Elephant Conservation dentro de três anos. Pior: o local não é um santuário, como se esperava, e sim um centro de reprodução forçada e treinamento tal qual o circo.
O “Centro pela Conservação dos Elefantes”, embora tenha a aparência de um santuário, tem um péssimo histórico em relação aos animais – incluindo denúncias de elefantes bebês sendo treinados para a exploração no picadeiro.
Segundo o Unchainmee, um grupo internacional pela abolição do uso de animais em circos, a medida anunciada não passa de uma manobra política para apaziguar consciências e driblar a pressão mundial contra a exploração animal na indústria do entretenimento.
Para os ativistas, cabe a nós cidadãos exigir que todos os circos tenham apenas artistas humanos e que todos os animais sejam enviados para santuários, livres de exploração humana.
“Não devemos discriminar estes animais por espécie. Nenhum deve ser forçado a imitar humanos e a fazer as pessoas rirem — sejam de espécies domésticas ou selvagens.”, escreve a Unchaimee no Facebook. “O poder está em nós, cidadãos, e na nossa determinação.”

sábado, outubro 11, 2014

Saiba quais são as 6 piores empresas para os animais no mundo

A ONG PETA Latino reduziu a vasta lista de companhias que não respeitam os animais para as 6 piores empresas do mundo. Foi levado em conta os maus-tratos praticados por elas, que vão desde testes em animais até espancamentos e assassinatos. Aqui estão as piores das piores:
AIR FRANCE
Você poderia pensar que todos que viajam em um avião vão a algum lugar divertido, mas se viajam pela Air France, provavelmente alguns dos passageiros poderão ser prisioneiros que foram capturados ou criados para serem usados em experimentos cruéis.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Diferentemente de outras grandes companhias aéreas, a Air France envia macacos a laboratórios para serem enjaulados, amputados, envenenados e assassinados em experimentos. É possível que os passageiros da Air France não saibam que debaixo de seus pés se encontram jaulas cheias de macacos que foram retirados da natureza ou criados em cativeiro antes de serem colocados em um vôo sem retorno a laboratórios. Mas agora você já sabe disso.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Como ajudar os macacos transportados pela Air France
Boicote a Air France e faça com que a companhia saiba que não poderá obter o seu dinheiro até que se una a todas as outras grandes companhias que têm negado participar dessa crueldade. Clique aqui e preencha seus dados no final da página.
MCDONALD’S
Cada pedido de McNuggets é servido com uma porção de crueldade. As galinhas mortas pela cadeia de comida rápida frequentemente estão com as asas feridas e outras lesões como resultado da manipulação indevida e do constante abuso absoluto.
Jo- Anne McArthur/We Animals
Jo- Anne McArthur/We Animals
Os fornecedores de frango do McDonald’s usam um método arcaico para matar: as aves são penduradas de cabeça para baixo e degoladas, normalmente enquanto ainda estão conscientes.
Mas o sofrimento não termina aí. Algumas aves se esquivam da navalha usada para degolar e ainda estão vivas quando são atiradas aos tanques de água fervente para serem depenadas.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Como ajudar as aves que são criadas para consumo
Não coma no McDonald’s! E, melhor ainda, seja vegano e livre de crueldade! Assim você não apoiará nenhuma indústria que maltrate os animais.
PETSMART
A PetSmart compra milhares de pequenos animais por ano (hamsters, porquinhos da índia, chinchilas, aves e répteis) e vende esses animais por um preço muito baixo.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Muitos desses bonitos animais morrem lentamente em habitações que ficam atrás das lojas da empresa. Uma investigação realizada pela ONG PETA revelou que mais de 100 animais pequenos foram privados de atendimento veterinário adequado e estavam morrendo lentamente a portas fechadas – longe dos olhos dos clientes.

Foto: Divulgação
Como ajudar os animais do comércio de “animais de estimação” 
Boicote a PetSmart e informe a companhia o porquê de você se opor a essas práticas empresariais. Opte também por comprar a alimentação do seu animal de companhia em locais que não comercializam vidas.
REVLON
A Revlon esteve livre da crueldade por mais de 20 anos, mas a ONG PETA descobriu em 2012 que a empresa estava vendendo seus produtos na China, onde são exigidos experimentos cruéis com animais para todos os produtos cosméticos importados.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
A Revlon ainda declara ser uma empresa livre de crueldade, mas tem enganado os consumidores e traído a sua confiança por continuar vendendo seus produtos no mercado chinês.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Como ajudar os animais utilizados em testes de produtos
Não deixe que a Revlon te convença a comprar produtos testados em animais. Diga não às empresas cruéis, e sim as marcas livres de crueldade! Confira aqui a lista de empresas que não testam em animais.
O CIRCO RINGLING BROS. AND BARNUM & BAILEY
Quando se trata de maltratar os animais, o circo Ringling Bros. é definitivamente o pior. A foto abaixo mostra o treinamento de um elefante no circo Ringling.

Foto: Divulgação
Os bullhooks são bastões com ganchos afiados similares aos atiçadores utilizados em chaminés. Esses instrumentos são encaixados na pele dos elefantes, o que faz com que gritem de dor. Em 2011, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos aplicou a multa mais alta de toda a história dos circos no Ringling: $270.000 – por crueldade aos animais!
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Como ajudar os animais utilizados nos circos
Boicote qualquer circo que utilize animais para entretenimento. Há alguns circos espetaculares sem animais que empregam somente seres humanos que realmente escolhem atuar.
SEAWORLD
Você prefere boiar em uma banheira durante toda a sua vida ou aventurar-se pelo mundo com a sua família? As orcas do SeaWorld não têm opção – estão presas em um tanque de cimento para sempre. Além disso, são retiradas da natureza ainda bebês e nunca mais voltam a ver as suas famílias. Ou elas são criadas em cativeiro e nunca chegam a nadar livremente no oceano – as orcas no SeaWolrd também são forçadas a realizar truques em troca de alimento.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Se você já assistiu a Blackfish, então sabe que a orca em cativeiro Tilikum já sofreu o suficiente na sua prisão. Ela já matou 3 pessoas. E por quê? Na natureza, as orcas nadam até 100 milhas em um único dia. As orcas em cativeiro teriam que nadar ao redor do seu “oásis” de concreto 1.900 vezes em um dia para cobrir essa mesma distância.
Como ajudar os animais nos parques marinhos
Boicote o SeaWorld e outros parques marinhos que utilizam as orcas inteligentes ou outros animais para o entretenimento e enriquecimento financeiro.
Agora que você já sabe quais empresas evitar, por favor, ajude a difundir essas informações junto aos seus amigos e familiares para que eles entendam por que não devem apoiar as empresas cruéis que utilizam animais para obter vantagens e lucro.

quarta-feira, setembro 19, 2012

Reportagem: Conferência Internacional de Direitos dos Animais



Acabou no domingo a 
Conferência Internacional de Direitos dos Animais, um evento que juntou centenas de ativistas de dezenas de países no Luxemburgo. Vários temas de interesse foram abordados nos debates e oficinas que decorreram durante estes dias. Foram tempos intensos de discussão e troca de experiência, intermediados pelas necessárias refeições veganas e os não menos necessários momentos de convívio.

Fazer um resumo extensivo de tudo o que foi dito nesta conferência seria um trabalho impossível para a representação do NOA presente, pelo que optamos antes por escolher alguns dos temas abordados nas apresentações.
O sacrifício de animais no altar da ciência
Silke Bitz, da Médicos Contra a Experimentação Animal da Alemanha, apresentou a farsa por detrás da experimentação animal.
Só na União Europeia, mais de 12 milhões de animais são usados e mortos na experimentação animal. Estes animais são usados com os objetivos de testar a segurança de fármacos e outros químicos e tentar encontrar novos tratamentos para doenças humanas. No entanto, devido a diferenças anatómicas, fisiológicas, metabólicas e na reação a químicos e fármacos, a extrapolação dos resultados da experimentação animal para humanos é arriscada. Muitos exemplos foram dados de substâncias que são nocivas para alguns animais e não para humanos, que são nocivas para humanos mas não para outras espécies e que causam malformações em muitas espécies, incluindo a humana, mas não em coelhos ou em macacos.
Só na Alemanha, das 210.000 entradas anuais nos hospitais, 60.000 mortes ocorrem devido a efeitos secundários indesejados de fármacos.
Silke Bitz apresentou também a farsa da metodologia de mimetizar doenças humanas em outras espécies de animais e mostrou técnicas que podem ser utilizadas e desenvolvidas para uma ciência médica baseada no estudo do ser humano.
Por fim, a médica e cientista alertou-nos para a necessidade de uma mudança de paradigma na ciência médica, no sentido da prevenção de doenças através da promoção de estilos de vida mais saudáveis.
Ainda dentro do tema da vivisecção, o ativista Tino Verducci apresentou a campanha “Salvemos os cães da Green Hill”, que tem somado vitórias na luta contra este centro de criação de beagles para uso em experimentação animal. A campanha iniciou-se em 2010 e teve como momentos altos as invasões da Green Hill, em que ativistas se colocaram no telhado das instalações, dando entrevistas para a comunicação social enquanto se ouviam os latidos dos cães aprisionados.
A 28 de abril deste ano, a campanha atingiu o seu cume com uma manifestação em frente à Green Hill em que se juntaram mais de mil pessoas. De forma espontânea, as pessoas decidiram invadir o biotério e libertar dezenas de cães. As imagens de cães a passar por cima do arame farpado, apoiados em dezenas de mãos, correram o mundo e ficaram como um símbolo da luta pela libertação animal.
Com toda a polémica que foi possível gerar em torno da experimentação animal a partir desta campanha, a causa anti-vivisecção cresceu a olhos vistos, com dez mil pessoas a manifestarem-se em Roma e milhares de outras no resto do país. A libertação dos cães iniciou um processo de desmantelamento da Green Hill, tendo as instalações entretanto sido encerradas devido a irregularidades e os restantes cães sido dados para adoção. A luta ainda não acabou, contudo, dado que a Green Hill pode ainda reabrir e que ainda há outros biotérios no país.
Veganismo vs carnismo
O tema do veganismo como ideologia e sistema de crenças foi abordado primeiramente por Jeanette Rowley, doutoranda em Direito na Universidade de Lancaster e fundadora do grupo Vegan Equality. Rowley apontou que as declarações da ONU e da União Europeia sobre direitos humanos prevêem o direito de manifestarmos publicamente as nossas crenças, religiosas ou não, assim como o direito dos pais educarem as suas crianças de acordo com as suas convicções religiosas ou filosóficas. O desafio está, então, em forçar o sistema legal a reconhecer que o veganismo é uma ideologia, oposta ao carnismo, e que, nesse sentido, devem ser desenvolvidos mecanismos legais para prevenir a discriminação dos/as veganos/as.
Segundo a corrente lei, o veganismo deveria ser protegido enquanto sistema de crenças. No entanto, assinala Rowley, ainda não há opções veganas nas prisões e são raros os locais de trabalho com cozinha onde comida vegana esteja disponível. Nesse sentido, é fulcral defender os direitos dos veganos, pela via legal e através de campanhas que criem a pressão para que a palavra “vegana” entre na lei.
A conferência contou ainda com duas apresentações de Melanie Joy, psicóloga social, autora do livro “Why We Love Dogs, Eat Pigs, and Wear Cows” e fundadora da Carnism Awareness and Action Network (CAAN). Joy falou sobre a psicologia de comer animais e sobre o empoderamento pessoal e político.
A nossa resposta usual a atrocidades é apagá-las da consciência. Melanie Joy explica-nos como o nosso sistema de crença é construído e solidificado no contexto social em que nascemos e crescemos. Explica também como essas crenças afetam a nossa perceção do mundo, as nossas emoções e, por último, o nosso comportamento. A CAAN explica como é que a indústria animal é apenas possível através de uma ideologia opressora e, necessariamente, violenta e, portanto, veganismo versus carnismo é uma questão de justiça social. Aqui é possível ver uma gravação da apresentação.
Existem dois tipos de defesas que emergem quando a ideologia dominante é posta em causa. Uma são as defesas primárias que falam não verdades sobre a ideologia dominante (ex. carnismo). Outra são as defesas secundárias que falam não verdades acerca da ideologia que põe em causa a dominante (ex. veganismo).
O aumento que observamos nas defesas secundárias são um sinal do sucesso da ideologia vegana sobre a ideologia carnista. Um outro sinal de sucesso é o facto da indústria carnista já não conseguir fazer passar por verdades as suas defesas primárias. Tal está a levar à transição do carnismo ao neocarnismo. No neocarnismo temos conceitos como carnismo compassivo, ecocarnismo ou biocarnismo.
Para o/a ativista vegano/a é importante não interiorizar as defesas dos/as carnistas e ter consciência de que o reforço das defesas do carnismo e o neocarnismo são respostas ao sucesso do veganismo. Outro cuidado essencial de quem luta contra qualquer tipo de violência é evitar a sobre-exposição à violência para evitar stress traumático secundário – não como vitima direta, mas como testemunha da violência. Se tiver pesadelos, se lhe vierem imagens chocantes à mente sem qualquer motivo aparente, pare de se expor à violência. Um(a) vegano/a saudável é um(a) vegano/a eficiente!
Por fim, Joy deixou-nos com a importância do veganismo proativo em vez do veganismo reativo.
No veganismo reativo, a pessoa vegana interioriza o carnismo; interioriza a sua opressão, onde as suas necessidades são menos válidas e importantes que as da pessoa carnista; ou interioriza o privilegio; interioriza a vergonha, sentindo-se menos do que os outros; ou a grandiosidade perante a carnista. No veganismo proativo, a pessoa vegana age com curiosidade perante a pessoa carnista, querendo conhecer as suas opiniões; age com compaixão, respeitando o lugar onde cada pessoa está a cada momento; e com orgulho por ter chegado onde está.
Porque a maior mentira de todas é que as pessoas não se importam, devemos sempre respeitá-las, exigindo também o mesmo respeito.
Media e direitos dos animais
A apresentação deste tema coube à ANDA – Agência de Notícias de Direitos dos Animais. Desde a sua formação, em 2008, a imprensa brasileira tem dado muito mais atenção ao tema dos Direitos dos Animais. Neste sítio de notícias encontram-se diversos temas, como cultura, desporto e economia, sempre na perspetiva dos direitos dos animais.
Nestes anos a ANDA conseguiu que três estilistas banissem as peles das suas coleções; que alguns deputados revisem as suas propostas de lei, depois da ANDA publicar algumas notícias sobre os circos e animais abandonados; que o principal jornal do Brasil reproduzisse na primeira página uma notícia da ANDA sobre um caso de maus tratos a gatos/as.
Esta agência já tem mais de 20.000 visitas por dia, 40 colunistas e é visitado por mais de 80 países. Em Portugal, já 2.000 pessoas visitam diariamente este sítio. Para além de notícias, a ANDA está a lançar dois livros e um jogo de vídeo.
O preço da eficácia: repressão e perseguição policial
A partir do momento em que começam a tornar-se uma séria ameaça para os grupos de interesse que vivem da exploração animal, os movimentos de direitos dos animais correm o risco de serem criminalizados e alvo de repressão policial. É um erro pensar que isto apenas acontece com grupos que recorrem à destruição de propriedade e outros métodos de ação direta, como a Animal Liberation Front. Os casos espanhol e austríaco demonstram como qualquer grupo de defesa dos animais pode ser rotulado como violento por governos influenciados pelas indústrias da carne e da vivisecção, independentemente das táticas escolhidas.
O caso austríaco foi apresentado com a exibição do filme “Der Prozess”, que relata a prisão de 10 ativistas pelos direitos dos animais. A detenção seguiu-se ao raide policial de 21 de maio, quando casas de ativistas e sedes de movimentos foram invadidos pela polícia e material de campanha apreendido. No processo que se seguiu, foi revelado que os/as ativistas estavam a ser vigiados há muito tempo, através de escutas telefónicas e polícias infiltrados no movimento.
O processo foi revelador da extensão da perseguição política em causa, na medida em que foram apresentadas provas falsas de crimes, incluindo um comunicado reclamando a autoria de um ato de incendiarismo que nem sequer tinha acontecido na realidade. Finalmente, ao fim de 110 dias na prisão, os/as 10 ativistas foram todos libertados, sem que qualquer acusação tivesse sido feita.
Uma situação semelhante ocorreu em Espanha recentemente, explicou Sharon Nuñes, da Igualdad Animal. A 22 de junho deste ano, a casa de Nuñes foi revistada e ela foi presa, conjuntamente com 11 outros/as ativistas da Igualdad Animal e da Equanimal. Centenas de polícias foram mobilizados e entraram nas casas fortemente armados e com a cara tapada.
Os ativistas detidos foram levados para diferentes prisões, onde ficaram incomunicáveis durante três dias. Depois de uma greve de fome, os/as ativistas foram levados a tribunal e três ficaram em prisão preventiva. Apenas a 13 de julho estes saíram em liberdade, depois de um recurso em tribunal.
Até hoje, os/as acusados/as continuam sem saber ao certo quais são as acusações pelas quais terão de responder. Sabem apenas que terão a ver parcialmente com um resgate de martas destinadas à produção de peles, não relacionado de todo com as organizações visadas. Outras acusações incluem invasão de propriedade privada e desordem pública, relacionadas com as ações de desobediência civil pacíficas levadas a cabo pelos movimentos, como o resgate de animais e a invasão de passereles durante desfiles de moda com peles.
Durante os últimos meses, a comunicação social e o juiz responsável pelo caso por várias vezes apelidaram os ativistas como “ecoterroristas”, criminalizando desta forma todo o movimento pelos direitos dos animais. Este caso mostra a necessidade de defender a legitimidade desta luta, e foi com este fim que foi criada a campanha Unidos Contra la Repressión del Movimiento de Derechos Animales.
Violência e educação especista
Romina Kachanoski, mestre em Psicologia Social pela Universidade Autónoma de Barcelona, mostrou-nos como a visão antropocêntrica do mundo conduz ao especídio – o sistemático extermínio ou remoção de todos ou parte dos animais, porque pertencem a uma espécie diferente. Falou-nos também de dois tipos de violência que infligimos a outras espécies de animais: direta e indireta.
Exemplos de violência direta são a violência física, psicológica, espacial, linchamento e nefligência. Já violência indireta é aquela que é colateral, estrutural ou discursiva.
Os exemplos de violência e especídio mostrados deixaram toda a audiência num carregado silêncio.
Samuel Guerrero, professor primário no País Basco, Estado Espanhol, falou sobre a educação especista. Na sua escola, Guerrero tem tentado combater o especismo que invariavelmente se encontra como normativo nos materiais de educação, em jogos, histórias e canções infantis.
Não só a escola, mas também a família, a sociedade e os medias são meios pelos quais interiorizamos o especismo. Quando deixamos de ver, ouvir e pensar pela lógica especista, somos levados/as ao veganismo.
Dia 5 de Junho é o dia contra o especismo. Vamos celebrá-lo.
O debate estratégico
O debate sobre estratégias a seguir na defesa dos direitos dos animais arrancou com uma apresentação de Jan-Harm de Villiers, filósofo da Universidade da África do Sul, sobre a teoria dos direitos dos animais. Para o filósofo, a defesa de direitos dos animais baseada em comparações com o ser humano é inconsisente e paradoxal.
De Villers salientou como é comum encontrar no discurso sobre direitos dos animais a distinção entre humanos e animais, criando uma separação entre um animal (o ser humano) e os outros que é artificial e antropocêntrica. Não menos antropocêntrica é a ideia de que os animais devem ter direitos com base em traços comuns com os humanos, como a capacidade de sofrer ou a racionalidade, conforme é defendido pelo filósofo Peter Singer ou pelo jurista Gary Francione.
Esta ideia apresente dois grandes problemas. O primeiro é que a similaridade entre humanos e alguns animais não é algo que possa ser estabelecido objetivamente, pelo que qualquer argumento a favor dos direitos dos animais feito nessa base será questionável. O segundo é que argumento dado para dar direitos a alguns animais também pode ser dado para negar direitos a outros animais. Assim, o ativismo baseado nesta abordagem pode conseguir algumas reformas que melhoram o bem-estar dos animais, mas apenas à custa de tornar mais difícil conquistas posteriores.
Mesmo o argumento da senciência como base para a atribuição de direitos não está livre de problemas, salientou de Villiers. Por um lado, porque os animais sofrem todos de forma diferente e há diferenças qualitativas que são ignoradas ou menosprezadas pela abordagem utilitarista de Singer. Por outro, porque a comprovação do sofrimento animal é feita mediante experiências dolorosas em animais, as quais, para mais, são sempre inconclusivas nos termos definidos pelos cientistas e acabam por perpetuar a mentalidade que pretendemos abolir.
O tema da violência na luta pelos direitos dos animais foi abordado porElizabeth deCoux, jurista na Florida Coastal School of Law, EUA. A jurista começou por explicar que o termo violência, nos sistemas legais norte-americano e europeu, estende-se a crimes contra a propriedade. Isto implica que é possível categorizar uma ação de resgate de animais ou de invasão de laboratórios para captação de imagens como sendo violenta.
A semântica é neste caso altamente relevante, já que a palavra “violência” é entendida no senso comum como designando a agressão de pessoas. Consequentemente, quando ativistas de direitos dos animais são julgados por terem invadido propriedade privada, o que passa para a comunicação social é a ideia de que foram responsáveis por um ato de violência, e daí decorre a colagem do adjetivo “terrorista” aos animalistas.
Esta banalização do termo “violência” permite dois grandes ganhos para os exploradores de animais. De um lado, permite descrever todo o ato de exposição da verdade (como colocar na internet um vídeo de um laboratório onde se fazem experiências em animais) como sendo violento. Do outro, permite que os exploradores sejam vistos como vítimas e que os ativistas que recorrem a meios extra-legais para impedir atos de agressão sejam vistos como agressores.
DeCoux deixou ainda uma sugestão para o movimento, acerca de recursos legais a usar em julgamentos por ações de desobediência civil. O argumento do “mal menor”, presente na doutrina legal em todo o mundo, que determina a legalidade de um ato considerado ilegal quando está em causa prevenir um mal maior. A jurista, contudo, alertou para o facto de este argumento nunca ter sido usado com sucesso num julgamento quando estão em causa agressões a animais.
Finalmente, Brendan McNally, veterano do ativismo pelos direitos dos animais e pelo veganismo, apresentou uma palestra dedicada à conciliação do ativismo com a vida no dia a dia. McNally frisou a importância de aprender a lidar da melhor forma com as pressões com que ativistas se deparam, da parte da sociedade, da família, dos empregadores, da comunicação social e dos governos.
O equilíbrio entre ativismo e a rotina diária é indispensável para manter a sanidade mental e a capacidade de raciocínio necessárias para ser um/a bom/boa ativista. Aceitar que não é possível mudar toda a gente, encontrar momentos de felicidade no meio da tragédia presenciada com a exploração animal, valorizar todas as pequenas vitórias, dormir e comer bem e viver uma vida saudável, tudo isto faz parte do ativismo, não devendo ser visto como um empecilho.
A ascensão e a queda do império humano e a guerra aos animais
A conferência contou com duas apresentações do filósofo Steve Best, um dos mais famosos autores sobre direitos dos animais da atualidade. O professor da Universidade de El Paso, EUA, começou por falar sobre a evolução da espécie humana.
Depois de levar à extinção todos os outros homos, o homo sapiens começou a extinguir outras espécies de animais por onde passava. Nesta apresentação, Steve Best designou a invenção da seta como um ponto de viragem na história do ser humano, por ter facilitado a morte de outros animais. De forma muito sucinta, Steve mostra que a agricultura sedentária leva à produção de excessos, o que permite uma organização social diferente de onde surgem as primeiras desigualdades e o patriarcado. Desta forma ele estabelece que o especismo e o patriarcado emergem muito antes das classes sociais. Com isto, alerta-nos para facto de que uma sociedade sem classes não é uma sociedade livre do patriarcado e do especismo.
Seteve Best anunciou a morte da natureza: desde o ar que respiramos, à maçã que comemos, tudo já foi alterado pelo ser humano. Já nada é “natural”.
Apesar de cético em relação à natureza humana que considera violenta, Best afirma que o que pode começar a mudar o mundo num bom sentido é o fim das privatizações e do consumismo de que estão a ser alvo as sociedades dos últimos tempos.
Já no que toca às estratégias para lutar contra a guerra aberta que os humanos impõe aos animais, Best apelou a uma abertura pragmática, que tenha em conta o contexto político e social e que seja plural nas suas táticas. Nesse sentido, o filósofo opõe-se às correntes pacifistas, por serem exclusivas quanto às táticas que são admissíveis no movimento.
Uma aposta ganha
A Conferência Internacional sobre Direitos dos Animais foi claramente uma aposta ganha por parte das organizações que a conseguiram concretizar pela segunda vez. Oportunidades para trocar experiências, aprender e discutir ideias são sempre valiosas. Da nossa parte, ficamos ansiosos/as pela próxima conferência.

Fonte

Animal Rights Conference

O que é o Carnismo?
ANDA » Agência de Notícias de Direitos Animais
Encontro internacional
ANDA marcará presença na Conferência de Direitos Animais em Luxemburgo

De 13 a 16 de setembro
ANDA vai a Luxemburgo participar da Conferência Internacional de Direitos Animais

segunda-feira, agosto 09, 2010

Nem o sarro arranha a Espanha

Vegano: desobedecendo - Ellen Augusta Valer de Freitas *



Parte 1


Catalunha, Espanha (Foto: Locr.com)
Os países podem ser analisados como se fossem indivíduos e se comportam muitas vezes como tal.
É sabido da nossa relação de colonizador/colonizado entre Portugal e Brasil, sendo Portugal apenas um dos países que por aqui pisaram.
Eu e muitos brasileiros nutrimos um carinho especial por Portugal e seu povo, assim como a recíproca acontece. Tenho amiga lá em Portugal e amiga aqui que veio  de Portugal.
Uma coisa que me entristece muito é bairrismo, um tipo de preconceito esquisito, que afeta pessoas que “amam” demais a sua terra.
Um destes dias, acompanhando alguém num hospital, pude ver como a humanidade frágil, se coloca sempre acima dos outros. Mesmo ali, num ambiente que claramente nos dá um tapa na cara, na nossa condição de animais humanos, mesmo ali pude ouvir uma piada preconceituosa.
“Fui para a Argentina e me perguntaram se eu era brasileiro. Respondi: Brasileiro, não! Gaúcho!”
Nossa! Ainda bem que a pessoa em questão estava na Argentina, que conhece a palavra gaúcho, pois, se fosse em determinados países, simplesmente a piada não teria sentido!
Nascer aqui, acolá, ter a sorte ou azar de ser brasileiro, não me importa.
A sensação de que nossa terra é especial é ilusória.
Há lugares belíssimos no mundo inteiro e quem ama viajar e já provou o gostinho de estar em outra cultura, de abrir a janela e ver a brisa do mar de um outro lugar (que pode ser o mesmo mar que banha o continente, e que ao mesmo tempo nunca será o mesmo), pode ter uma ideia de que há coisas especiais e pessoas especiais no mundo inteiro.

Catalunha, Espanha (Foto: Locr.com)
Há poucos dias recebemos a notícia de que em Catalunha, Espanha, as touradas foram proibidas.
Já li relatos de quem presenciou touradas e achou uma barbárie, mas, apesar do barbarismo, com certeza nestes países há pessoas que lutam pela justiça e pela paz.
Práticas bárbaras são praticadas no mundo inteiro e defendidas com o nome de “cultura”. Em dado momento é interessante usar o argumento de cultura, em outro, apenas chamar o ato de crime. Depende muitas vezes de interesses políticos e econômicos.
Pois touradas, vaquejadas, rodeios e outras práticas de gosto duvidoso envolvendo abuso e morte de animais acontecem em diversos lugares do mundo, aqui no Brasil e também em nosso Estado.
Mas há uma corrente de pessoas que têm ativamente se posicionado contra tais práticas. Nestes últimos dias, houve um caso aqui no Rio Grande do Sul de um senhor que resolveu andar a cavalo dentro d’água gelada do Guaíba. Mesmo que o cavalo tenha sido bem tratado, domado de “forma racional” etc. etc., fico me perguntando  qual o sentido de práticas como estas, que mais parecem um exibicionismo e nada têm a ver com a cultura gaúcha? Essas atitudes suscitam “ideias” de exibicionismo coletivo como o caso da cavalgada do mar, prática criticada inclusive pelo Paixão Cortes.
*Trecho de música de Caetano Veloso




Porto Alegre: cidade com muitas opções para veganos e vegetarianos (Foto: Ellen Augusta)
O gaúcho é conhecido pelo bairrismo exagerado, isto é fato. Eu nada tenho a ver com esta cultura. Nasci aqui por acaso somente. Poderia ter nascido em lugares piores ou melhores. Se faço parte de coisas bonitas como o chimarrão e algumas canções nativistas que tenho imenso respeito, por outro lado há um exibicionismo sem igual, que apenas mostra o quanto de ego a humanidade inteira possui e que não serve para nada e do qual não participo, juntamente com milhares de gaúchos que nem sequer se preocupam com isso.
As pessoas que não nos conhece muitas vezes acham que andamos sempre de bombacha/vestido de prenda e falando aquele sotaque padrão que a mídia divulga, mas a verdade é que aqui existem muitas culturas, sotaques, povos e que muita gente nem sequer participa de determinados rituais tradicionalistas.
É só pensarmos, por exemplo, na força da colonização italiana e alemã.

Churrasquinho vegano do Restaurante Casa Verde (Foto: Ellen Augusta)
Aqui mesmo na terra do churrasco há uma cultura muito forte da alimentação vegana (alimentos sem produtos de origem animal, carnes, ovos e leite).
Veganos  não consomem nada que tenha produtos de origem animal,  buscando e inventando alternativas. Não usam roupas de pele de animais como o couro (tão idolatrado por aqui) e também evitam ao máximo possível o uso de produtos testados em animais. Trata-se de ativismo político, ambiental e pessoal, pois os veganos geralmente buscam entrar em contato com empresas, políticos e participam ativamente nas mudanças que vêm ocorrendo, principalmente aqui no Rio Grande do Sul.
É uma atitude revolucionária e que vem crescendo muito em diversos países por motivos ambientais e éticos.

Lazanha feita com queijo vegetal no Restaurante Casa Verde (Foto: Ellen Augusta)
Aqui no Brasil, o Rio Grande do Sul é o Estado que mais tem opções vegetarianas e veganas. E é aqui mesmo que as pessoas inventam, usam a criatividade para inventar até mesmo o “queijo” 100% vegetal, que foi produção do Restaurante Vegano Casa Verde. Neste mesmo restaurante está sendo servida a primeira cerveja com selo vegan do Brasil e também adequada para celíacos.
Temos um bar noturno totalmente vegano com práticas de permacultura, temos tele-pizza e pizzaria noturna vegana e diversos restaurantes vegetarianos e veganos.  Produtos veganos, docerias veganas, opções de roupas e diversos itens. Tudo com muita criatividade e atitude.

Sanduíche feito com queijo vegetal produzido pelo Restaurante Casa Verde (Foto: Ellen Augusta)
A cultura pode e deve mudar ao longo do tempo.  O que antes era apenas atitude de alguns “lunáticos” ou “xiitas” (acreditem, já teve gente preconceituosa que nos chamou assim e que depois foi encontrada em um dos restaurantes veganos da capital), hoje é algo comum, difundido, e a cada dia as empresas estão “acordando” para o filão de mercado, que é fornecer alternativas ao uso de animais, seja onde for.
Nosso Estado está na frente de muitas atitudes louváveis, mas isto não porque o RS é o maior, o mais bonito ou o mais inteligente. Não. É apenas porque aqui as pessoas resolveram ir atrás das suas conquistas, acreditaram e lutam ainda por melhoras. Em outros estados do Brasil também há conquistas maravilhosas na área do direito dos animais que aqui mesmo ainda não conquistamos. Nos servem de exemplo, como a proibição das feiras de filhotes e outras formas de exploração de animais.




Parte 3





Portugal, arquitetura que lembra muito alguns lugares de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que teve imigração portuguesa. (Foto: José Cerqueira)
Há muito tempo, quando a Argentina estava com problemas financeiros, eu recebia diversos e-mails de quem não tem mesmo o que fazer, com piadas idiotas sobre a situação da Argentina em relação ao Brasil e ao Rio Grande do Sul. E sempre respondia com a seguinte pergunta: e se amanhã formos nós os atingidos por uma crise qualquer? (O Brasil não é exatamente um exemplo de qualquer coisa!)
Recentemente tem circulado pela Internet uma “campanha” exigindo que a Argentina não participe da Copa de 2014.
Quando o Brasil perdeu a Copa, vimos na televisão críticas ao desempenho da Argentina, como se o Brasil não estivesse também na mesma situação lamentável, mas talvez ainda mais lamentável, pois, em vez de aceitar a perda, parte para cima dos outros, com críticas sem nem mesmo ver como estão os jogadores do Brasil. Quanto absurdo! Pois a Argentina, assim como Portugal nos deu um exemplo de civilidade e evolução ao legalizar os direitos civis aos homossexuais, com a aprovação do casamento.
Casamento homossexual nada tem a ver com religião, é um direito! Aqui, onde as mentes estão amarradas à religião, ainda há muito o que discutir sobre o assunto. Nós todos perdemos com isso.
A cultura e o tradicionalismo, sejam de que região do mundo forem, geralmente estão intimamente ligados a interesses econômicos e políticos. Muitas tradições apenas veneram os verdugos que as escravizaram, apenas idolatram patrões e cultuam a ode ao explorador. Claro que há coisas bonitas, mas nota-se um interesse muito grande em manter certas tradições, que de outra forma acarretariam perdas monetárias gigantescas.
A população muitas vezes cai na ingenuidade de achar que tudo que existe é assim e pronto. Dificilmente acha tempo para questionar-se sobre o porquê de fantasiar-se de determinado papel, apenas participa de forma autômata, e os poucos que questionam são desafiados com infâmias e até mesmo ameaças.
Volto a trazer a lembrança das terras que conheci, das que não conheci mas admiro sua arquitetura, natureza e povo, pois no mundo inteiro há belezas incríveis. Dos viajantes que andam por aí à procura de conhecimento, das pessoas que têm o coração em diversas terras, pois obviamente temos carinho por um lugar ou outro, mas a vir achar que somos os melhores do mundo já é demais.
Tenho especial carinho por Portugal, por ser uma terra que tem poetas, músicos e pessoas interessantes, lugares incríveis e fascinantes. Tenho uma amiga lá que é vegana e ama o Brasil. Ela pesquisa os costumes brasileiros assim como eu pesquiso os costumes portugueses. Sei lá por quê. Se por curiosidade, se por uma ligação genética/cultural, não importa. O fato é que não vivo no delírio de que este ou aquele lugar é o único lugar que existe.
Aqui também tenho uma amiga portuguesa, que me contou algumas histórias de preconceito que sofreu ao chegar aqui, já que ela tem curso superior e fala diversos idiomas, e acabou sendo uma “ameaça” para pessoas preconceituosas que a discriminaram por ser de outro país.
Todos os lugares são positivos se nossa atitude for positiva. Eu me sinto bem em qualquer lugar e aqui, na terra do churrasco, do machão e do patrão, eu luto por justiça e sou uma pessoa normal. Brasileira porque nasci aqui e não porque é época de Copa do Mundo. Gaúcha porque nasci aqui e não porque querem que eu acredite nesta ou naquela cultura.





*Ellen Augusta Valer de Freitas é licenciada em Biologia pela Unisinos, RS. Foi bolsista de Iniciação Científica pelo CNPq no Instituto Anchietano de Pesquisas, tem experiência na área de Ecologia com ênfase em Zooarqueologia. Trabalha para uma ONG nacional em pesquisa de produtos, é articulista da Agência de Notícias dos Direitos Animais, fundadora do grupo ativista Vanguarda Abolicionista, e atualmente está ingressando na Comissão de Ética no Uso de Animais de um grande hospital gaúcho. Tem 30 anos, é vegana e ativista pelos direitos animais, casada com um jornalista também vegano e ativista.



Fonte: ANDA


* Ellen!
Obrigada pelas tuas palavras, pelo teu carinho por Portugal, sabes que é mútuo!
Uma amiga muito querida!