segunda-feira, julho 26, 2010

Crise de valores morais

Por Manuel Bontempo

Vivemos em crise sem quaisquer ligação aos valores éticos, cívicos, exis­te uma espécie de anticlassicismo da educação vertical, do ideal latino, to­dos se atafulham na promiscuidade, na corrupção e o exercício regular de uma profissão condigna e coisa que não se vislumbra em muitos políticos, nesta classe dirigente, que só por si cria a ansiedade do "medo", pelas si­tuações conflituosas e pelos instintos impulsivos de grupo, onde, não raro surge a "censura" exercida sem escrúpulos para condicionar a vida dos ci­dadãos, mormente, dos que pensam, escrevem, um mal-estar afetivo de intran­quilidade. O país parece, por vezes, uma fotografia desfocada, uma mera imagem, de promessas não cumpridas, de gestos pré-fabricados, de reproduções de atitu­des que se vulgarizam. Tem sido assim muitos estratos da nossa sociedade, mormente, da socie­dade reinante, a política, de todos os quadrantes, que modelam formas de "encantar pacóvio" mas que vão esgotando as pseudo-harmonias mil vezes re­petidas continuando o país num dilúvio de dúvidas, crescendo o desemprego, o crime, o tráfego de influências, a pedofilia, homicídio, o roubo violen­to e esgotam-se as convenções, a honra, a retidão de caráter. Ataca-se pessoas sem pejo. Predomina uma grande vulnerabilidade no com­plexo afetivo emocional em tantos políticos, em agentes ditos superiores, que causa a incerteza, a instabilidade, a falta de confiança pessoal, como se tem observado, ultimamente, na classe política, em ataques sofisticados, no palavreado desmedido e patológico, ora nas assembleias nacionais, quer nos partidos, muda casaca, ora dizem uma coisa e ora dizem o contrário num triste espetáculo para o zé-povinho, a nata para um rigorosa biografia his­tórica depois do 25 de Abril. Este povo generoso, confiante, ingenuamente confiante, que nunca pensou a assistir acontecimentos impressionantes nem e circunstancias tumultuo­sas. Também, e apesar deste clima medíocre estou em crer que não houve ainda censura nos jornais, na rádio ou televisão. Os noticiários dizem o que sa­bem e o que não sabem. Saturam. Os jornais servem-se destas histórias rocambolescas, criando alguns figuras de retórica. Outros ficam entre o real factual e o real possível. A política comprometida na imprensa é uma política inferiorizada, que não serve os interesses práticos dos portugueses nem a humanidade da pessoa que se interessa pelos legítimos interesses do bem-estar da sociedade e o sentido histórico de ser "português". E é ver políticos mal preparados, inchados no seu lugar, portadores duma bandeira do clube, do partido, com mero conhecimento empírico circunscrito ao particular, à barriga, ao "eu", num narcisismo psico-noético ou mesmo num comportamento extremamente versátil e estranho, existencial agarrados ao lugar, à relativa posição, desinteressando-se do bem comum pa­ra o qual foram mandatados. Não há entre nós o ato de sinceridade e da ética da estima. Todos se guerreiam, alguns raivosamente, sem o caráter intersubjetivo da respon­sabilidade. E depois ataca-se quase somente um homem. É mais fácil dizer mal que dizer bem. A democracia pode ficar doente se não se arrepiar caminho e o discur­so não mudar. As comunidades são feitas também das histórias das vidas que estão a tal ponto, por vezes, enredadas umas nas outras. A democracia não tem sido beneficiada com certos comportamentos co­letivos. Os sistemas sociais quando justos são a mediação obrigatória do re­conhecimento, coisa que cada partido deve preservar para se criar um su­jeito de direito capaz, como se impõe, de uma representação ético jurídica. ,O país não vai bem. Mas todos nós temos obrigação de construir um porvir melhor, todos, numa larga dimensão temporal e lutar contra os ven­tos da desgraça que vem de dentro e fora deste velho país. Apontar todo o mal ao governo e apesar - certos desvios de comportamento – é erro crasso. O mal é o resultado de uma abstração sistemática.

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