sábado, outubro 04, 2014

Hoje celebra-se o Dia Mundial do Animal.

"RESPEITAR os animais é DEVER de todos, 
AMÁ-LOS é um PRIVILÉGIO de poucos"


Nestes dias mundiais de alguma coisa, costuma-se celebrar e promover algo ou os direitos de alguém. Tenha-se o exemplo do dia mundial da saúde, em que se encoraja a largar os cigarrinhos e a esticar as pernocas para não esticar o pernil, ou o dia internacional das mulheres, em que se celebra a dignidade da mulher e uma luta pela igualdade de oportunidades para ambos os sexos. Neste último caso, não se fala só de proteger os direitos de mulheres bonitas ou que vistam prada, deixando-se de lado as desleixadas ou gordinhas, mas de todas as mulheres, igualmente dignas, seja em que forma vierem.

O lógico será então assumir ignorantemente que o dia mundial do animal é também um dia dedicado a lembrar os direitos e liberdades daquilo que celebra, os animais, que são todos os seres vivos que pertencem ao reino animal, não somente cães ou gatos, ou aquilo que entendemos por animais em linguagem de codificação social. Ficamos na ambiguidade, afinal é para todos ou só alguns? 
Este dia parece ter sido inspirado pela figura de S. Francisco de Assis, o padroeiro de animais, que tinha um imenso amor pelos animais, e também os comia. E uma das razões pelo qual se decidiu celebrá-lo foi para reconhecer a importância dos animais e dos papeis que eles desempenham nas nossas vidas, desde o amor incondicional que nos dão, ao seu papel no cardápio do jantar. Não a sua importância e valor intrínsseco, mas a sua conveniência para nós, lendo as coisas mais literalmente. 
Isto tudo leva-nos a um profundo paradoxo desconfortável, e para nos refugiarmos dele pensamos em como é necessário. Embora não o seja.
É absolutamente inconcebível estarmos a celebrar os direitos de um grupo de indivíduos quando simultaneamente os exploramos, torturamos e comemos. E que no dia mundial do animal, enquanto acarinhamos os cães ou gatos que temos em casa, os animais que nos são mais próximos emocionalmente, esquecermos-nos que sujeitamos a uma vida de miséria milhões de outros animais, inclusive para alimentar os nossos cães e gatos, que amamos. 
A razão porque nenhum corpo político ou governo poderá reconhecer no seu bom juízo o direito à vida e dignidade de todos eles, é porque na hora de ir ao talho ou levar a família ao circo isso ia fazer uma trapalhice imensa nos nossos cérebros, e lá se ia a sanidade.

Texto de Nuno Alvim 

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