quarta-feira, novembro 02, 2011

Touradas

Tortura será Cultura?
Sempre justificadas como tradição, as corridas de touros – vulgarmente conhecidas como touradas – são, na verdade, um dos costumes mais bárbaros de um sector minoritário e ultrapassado da sociedade portuguesa. Por trás da suposta bravura dos cavaleiros tauromáquicos, dos bandarilheiros, dos forcados e dos demais intervenientes neste espectáculo medieval e degradante, esconde-se uma triste e horrível realidade – a perseguição, molestação e violentação de touros e cavalos que, aterrorizados e diminuídos nas suas capacidades físicas, são forçados a participar num espectáculo de sangue em que a arte é a violência e a tortura é a cultura.

O Touro Bravo enfraquecido para a Tourada
O sofrimento dos animais começa quando os touros – principais vítimas desta actividade (além dos cavalos e das vacas, assim como dos novilhos, quando são usados ainda enquanto bebés e jovens) –, depois de terem já perdido cerca de 10% do seu peso na viagem da ganadaria (onde são criados e onde estão habituados a uma vida tranquila) para a praça de touros, devido ao stress, são mantidos nos curros, até à hora de entrarem na arena, onde a angústia e o medo são crescentes. Junta-se a isto o sofrimento físico, que aqui começa, não só porque os animais são conduzidos com aguilhões e à paulada, mas também porque, entre outros métodos de preparação, são-lhes serrados os chifres a sangue frio para serem embolados (nas touradas portuguesas, os touros não têm sequer os seus chifres inteiros e expostos, para terem uma oportunidade mínima de se defenderem).

O Pânico dos Touros nas Touradas
Ao entrar na arena, os touros vão já fortemente enfraquecidos e feridos (devido aos chifres serrados a sangue frio antes da tourada), além de apavorados. O pânico do touro é tão grande, que fugiria deste cenário aterrorizador, se tivesse essa possibilidade. Ao contrário do que os defensores das touradas alegam, é possível observar a expressão de medo e de confusão dos touros sempre que entram na arena, e que se agrava quando a tortura da tourada se acentua, à medida que as bandarilhas e os restantes ferros (que podem ter comprimentos variáveis entre os 8cm e os 30 cm, além de terem arpões na ponta, para se prenderem à carne e aos músculos dos animais, rasgando os seus tecidos e provocando-lhes um sofrimento atroz, além de febres imediatas, acrescidas de um enfraquecimento acentuado pela perda de litros de sangue).



Cavalos – As Outras Vítimas das Touradas
Se os touros adultos e os novilhos (bebés e jovens) são vítimas das touradas, também os cavalos são brutalizados neste espectáculo cruel. Na tourada à portuguesa, os cavaleiros tauromáquicos fazem o comum toureio a cavalo, expondo o cavalo às investidas que os pobres touros tentam, embora em vão, sempre para se tentarem defender. Os cavaleiros tauromáquicos, montando cavalos, cravam os ferros enormes no dorso dos touros, sem se exporem a qualquer perigo, enquanto os cavalos tentam esquivar-se, sofrendo com o pânico de se confrontarem com os touros, sendo comum ficarem feridos pelos chifres e pelas pancadas dos touros. Além disso, ao usarem esporas e ao serem extremamente agressivos com os cavalos para os forçarem a dirigir-se aos touros, os cavaleiros rasgam as costelas dos cavalos, que ficam severamente feridos, sangrando consideravelmente.

A Tourada em Detalhe
Todo o decorrer da chamada corrida de touros à portuguesa consiste na “lide” de seis touros, habitualmente. Cada um dos touros é primeiro toureado pelo cavaleiro tauromáquico, que lhe crava cerca de quatro ferros compridos e, como referido, com amplos arpões na ponta. Seguidamente, é comum entrar em cena o bandarilheiro, que faz o toureio a pé, “lidando” um touro já febril, brutalmente enfraquecido, confuso e assustado. O bandarilheiro espeta, habitualmente, mais quatro farpas no dorso do touro, que assim vai continuando a ser exposto a todo este horror. Segundo os defensores da tourada, este espectáculo – que de nada mais se compõe a não ser da crueldade contra touros (e cavalos) – é uma arte, património da cultura portuguesa. Não será antes, objectivamente, um acto de tortura?

O Público da Tourada Aplaude a Violência
Enquanto o touro é brutalizado na tourada, e enquanto o cavalo é também vítima desta brutalização, enquanto o sangue de ambos os animais escorre e mancha a arena em que este acto deplorável acontece, não são apenas toureiros (cavaleiros tauromáquicos e bandarilheiros) que participam nesta festa de sacrifício de animais – existe um público presente que, por minoritário que seja na sociedade portuguesa, aprecia e aplaude a violência a que assiste, regozijando-se com o sofrimento bárbaro que ali é infligido aos animais.

Os Forcados e a Pega
Depois do toureio, vem a “pega”. Os forcados, um grupo de oito indivíduos que vem “pegar” o touro, são habitualmente considerados os mais “bravos” de todos os intervenientes na tourada, onde nada mais do que cobardia, perversão e indecência se encontra. A “pega” consiste em enfrentar um touro que tem cerca de oito ferros cravados no dorso, que está gravemente febril e que já perdeu muitos litros de sangue, com a “bravura” de oito indivíduos que atacam um animal nestas condições, puxando-o, empurrando-o, pontapeando-o e esmurrando-o, puxando-lhe o rabo, por fim. Na tourada, na altura da pega, o touro é já praticamente incapaz de se manter de pé de forma minimamente capaz, pelo que a bravura dos forcados e da pega é, na verdade, um aproveitamento indecente de um animal severamente ferido.

Associações Académicas, Instituições de Beneficência e Igreja Católica Promovem Touradas
O escândalo das touradas é maior do que a própria existência de um espectáculo destes ser permitida pela lei de um país supostamente civilizado e apoiado por um público, ainda que residual e certamente perturbado. Algumas associações académicas, como a Associação Académica de Coimbra e a Federação Académica do Porto, apoiam garraiadas (touradas com “garraios”, ou seja, touros jovens ou ainda não totalmente desenvolvidos), como a Garraiada Académica de Coimbra, ocorrida há alguns meses em Coimbra, na qual estas imagens foram captadas. E, como se o envolvimento de associações de estudantes universitários neste genocídio não fosse já suficientemente grave, a própria Igreja Católica, nomeadamente através da Rádio Renascença, apoia e organiza touradas em Portugal. Diversas instituições particulares de solidariedade social, como a Liga Portuguesa Contra o Cancro, estão também envolvidas nesta vergonha. As Santas Casas da Misericórdia são proprietárias da maior parte das praças de touros portuguesas.

Depois da Tourada, O Sofrimento Nos Curros
Depois da tourada, com o toureio a cavalo, toureio a pé e pega, cada touro regressa aos curros, horrivelmente ferido, com um sofrimento agonizante, onde, uma vez mais a sangue frio, lhe será cortada a carne e os tecidos musculares para lhe serem arrancados os ferros com os seus arpões, que lhe foram cravados durante a tourada. A dor é indescritível. Tanto nas touradas à portuguesa, sejam corridas de touros ou garraiadas, como nas largadas, touradas à corda, ou mesmo nas sortes de varas, tentas públicas e touradas de morte que, embora ilegais, acontecem em Portugal com a permissão das autoridades, os touros (e os cavalos) são as vítimas de um espectáculo com características extraordinariamente cruéis, envergonhando Portugal, por ser um país em que cerca de 3.000 touros e 100 cavalos por ano sofrem indefesos o mal que é a tourada.

A ANIMAL diz: Tourada, Não! Abolição!
A ANIMAL opõe-se radicalmente a todas as touradas e demais actividades tauromáquicas, tendo vindo a desenvolver uma luta já histórica pela abolição do mal terrível que são as touradas em Portugal. Pelos animais, junte-se à ANIMAL e ajude-nos a combater as touradas e todas as actividades tauromáquicas.


Fiestas


Touros embolados / Touros de Fogo (Catalunha, Aragão, Castela-Leão, Valência)
O touro é atado pelos cornos, metido num camião e transportado para o recinto do “espectáculo”, onde é atado a um poste. São-lhe então colocados os "ferratges"- artefacto com bolas impregnadas em material inflamável - e também foguetes artificiais. As bolas de fogo são incendiadas, o touro é solto, e, em poucos segundos, os foguetes soltam jorros que alcançam os 4 ou 5 metros de altura e que rapidamente envolvem o animal.
Quando os foguetes se apagam, as bolas de fogo continuam incendiadas e, então, o animal é toureado até que estas se apaguem. Com o desespero, os touros dão coices e saltam na tentativa de se libertarem dos artefactos de fogo.


Touros “ensogados” (amarrados) (Catalunha, Aragão, Castela-Leão, La Rioja, Navarra, Andaluzia, Castilla-La Macha, País Basco, Benavente)
Os cornos dos touros são atadas com cordas, e, assim, os animais são arrastados pelas ruas. Esta prática produz grandes traumatismos na base dos cornos e profundos desprendimentos nos músculos do pescoço.


Touros de Coria
“Espectáculo” conhecido também como “touros acerico” (alusão aos “acericos” ou almofadinhas onde os alfaiates espetam os seus alfinetes).
Os participantes no espectáculo lançam dardos aos animais, de modo a que se assemelhem às tais almofadinhas, completamente crivados de espetos. No fim, os touros são mortos a tiro de espingarda e os seus testículos cortados.


Tourada à Espanhola
Uma parada de toureiros (vestidos com trajes tradicionais a rigor) apresenta-se à audiência, ao som de música. Forçadamente expelido do curral para um ambiente desconhecido sem possibilidade de escapar, o touro está indefeso. Vários homens toureiam-no com capas. O seu objectivo é iludir e confundir o touro de modo a cansá-lo. É então que o "picador" entra na arena montado num cavalo que tem uma capa protectora. O picador tem um instrumento chamado "puya", que é um tipo de pêra comprida, terminando numa pirâmide de aço triangular que corta como uma lâmina.
Da parte de trás do cavalo, o picador apunhala o touro com a “puya”, atingindo particularmente os músculos no pescoço de modo a enfraquecer o animal e a evitar que ele levante a cabeça. O touro tenta defender-se, mas, normalmente não consegue alcançar o picador, só o cavalo, que, apesar da capa protectora, fica frequentemente ferido.
De seguida, aparecem os toureiros, cada um armado com duas bandarilhas (um tipo de vara coberta com papeis coloridos terminando com um tipo de arpão com 5-7 cm de comprimento) Vários pares de bandarilhas vão sendo, então, espetadas no touro, que, devido ao sofrimento porque está a passar, luta para tentar livrar-se das bandarilhas, embora, em vão, já que cada movimento só aumenta a sua dor.
Depois do espetar das bandarilhas, o matador espeta uma espada no touro para que este morra. No entanto, nem sempre morre à primeira tentativa. Se o touro não morre, outro instrumento é usado, uma espécie de pequena espada ("descabello"). O touro é então ferido com isto várias vezes junto às primeiras vértebras cervicais, e é, então, arrastado para fora da arena por uma espécie de carruagem puxada por dois cavalos. Por vezes, o touro ainda está vivo quando chega ao matadouro da arena. É cortado ainda vivo.

ANIMAL

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