domingo, novembro 06, 2011

ECONOMIA & SOCIEDADE

A Indústria Tauromáquica afirma:
“A tourada garante 3.700.000 dias de trabalho; 378 trabalhos a longo termo e tempo inteiro; 2.950 trabalhos sazonais e é uma parte vital da indústria do turismo em Espanha, além de ser um espectáculo importante para o povo Espanhol.”

Os factos são:

A indústria tauromáquica e os seus apoiantes defendem frequentemente que a tourada é importante para a economia espanhola e das suas regiões. No entanto, a informação real fornecida pela indústria tauromáquica mostra uma realidade diferente. Menos de 400 pessoas estão empregadas a tempo inteiro ao longo do ano pela indústria tauromáquica em Espanha.

A indústria tauromáquica gera dinheiro, mas os lucros acabam nas mãos de um número muito pequeno de pessoas que pertencem à elite desta indústria. Estes membros “ricos” da indústria, sabendo que o seu negócio está em recessão, não corta os seus próprios lucros mas sim pedem subsídios para cobrir uma larga porção das suas despesas. As actividades tauromáquicas são fortemente subsidiadas em Espanha por todos os níveis do Governo. Estima-se que em Espanha, por ano, mais de 530 milhões de euros do dinheiro dos contribuintes é destinado à indústria pró-tourada.

Muitas vertentes da indústria recebem subsídios, incluindo: escolas de toureio, clubes de aficionados, criação e abate do touro bravo, aquisição de touros para festas populares, promoção e marketing para tourada, pagamentos por estações de televisão pública para os direitos de transmissão, museus pró-tourada e muitos outros. Todos estes subsídios afastam dinheiro de problemas sociais graves como o acesso a sistemas de saúde públicos, educação, infra-estruturas, idosos, segurança pública, assistência social e outros.

De forma a avaliar a popularidade da tourada é importante olhar para as sondagens independentes feitas a amostras representativas da população. Todas as votações realizadas demonstraram que uma impressionante maioria dos espanhóis e franceses não estão interessados na tourada. Existem agora 49 cidades e municípios em Espanha e França que se declararam anti-tourada. Isto serve de reflexão para a crescente impopularidade da tourada e para o facto de os apoiantes da tourada serem uma minoria que perde apoio todos os anos.

A indústria tauromáquica regularmente afirma que a tourada é uma fonte importante de receita para as cidades e municípios. No entanto, é importante relembrar que os turistas visitarão Espanha com ou sem tourada: os turistas não vão a Espanha propositadamente para ver tourada. Na realidade, devido ao conceito moderno de “ethical travelling”, é provável que mais turistas visitem Espanha, Portugal ou o Sul de França quando a tourada já tiver sido banida desses sítios.

Presenciar uma tourada por curiosidade e nunca mais querer voltar é um fenómeno comum entre turistas, o que certamente não contribui para a argumentação da indústria de que a tourada é popular.

A indústria tauromáquica frequentemente cita o número de “assentos vendidos” como um indicador da popularidade da sua actividade. Ignoram o facto de muitos destes assentos serem usados pelas mesmas pessoas muitas vezes, quer seja por pessoas que têm bilhetes para a época (que representam a maioria dos assentos vendidos) ou pelos aficionados que viajam de cidade em cidade para assistir às touradas. A própria indústria já não esconde o facto de ter uma “crise de assistência”.

A UE subsidia a criação de touros bravos em sistemas extensivos. Os criadores recebem 220 Euros por touro por ano, sobre os subsídios nacionais (Debt in the Afternoon, The Guardian, 12 de Maio de 2008).

1* ‘El mundo del toro defenderá la Fiesta en el Parlamento Europeo’, ABC, 22 Fevereiro 2008

2* Stop Our Shame, Espanha

3* Uma votação realizada pela Gallup em 2006 demonstrou que apenas cerca de 7% dos espanhóis se considera fã de touradas e que 82% dos espanhóis entre os 15 e os 24 anos de idade não tem qualquer interesse em touradas.

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