quarta-feira, julho 14, 2010

Zoomarine devolve cágados-mediterrânicos ao seu habitat natural

Sete cágados-mediterânicos (Mauremy leprosa) vão ser devolvidos ao seu meio natural na próxima sexta-feira pelo Zoomarine do Algarve (Albufeira), onde viveram nos últimos dois anos. Élio Vicente, biólogo marinho e director de Ciência e Educação do Zoomarine, referiu a Os Bichos que os animais vão ser libertados na Ribeira de Tôr, no concelho de Loulé, um local “onde foram já identificados outros exemplares da mesma espécie”.
Os cágados-mediterrânicos (em conjunto com os cágados de carapaça estriada) são espécies endémicas ameaçadas, daí também a importância de todo o esforço que tem sido desenvolvido no sentido da sua reabilitação sempre que são abandonados ou encontrados em mau estado. Élio Vicente diz que os parques zoológicos portugueses “estão cheios destes animais”. Estes reptéis (como o Fergus e a Fauna, nas fotos) são muitas vezes encaminhados para estas instituições pelas autoridades policiais - que os confiscam -, ou por particulares que os encontram feridos (por terem sido arrastados numa enxurradas, atropelados ou mordidos por cães) ou quese  cansaram deles, porque cresceram ou porque julgam que o melhor é devolvê-los à natureza para procriarem.
Só que a sua devolução ao habitat natural não pode ser feita de qualquer maneira e alguns animais não devem mesmo ser devolvidos, sublinha Élio Vicente. “Aqueles que foram domesticados conviveram com pessoas e outros animais e podem ser portadores de vírus e bactérias que vão contaminar os animais do seu novo habital”, alerta. Além disso, acrescenta o mesmo responsável, “muitos cágados simplesmente não têm capacidade de sobreviverem sozinhos, porque nunca aprenderam a alimentar-se ou a procriar”. Durante o processo de reabilitação nos parques zoológicos, há sempre o cuidado de aliementá-los de forma a que eles não percebam que são os técnicos que lhes estão a fornecer a comida e é evitado ao máximo o contacto com seres humanos.
Élio Vicente alerta ainda para o facto de que, sendo uma espécie protegida por lei, estes animais não podem ser vendidos em lojas e feiras, como acontece. “Infelizmente, há muita gente que se dedica à sua captura nos rios e ribeiros para depois os venderem ou os guardarem em casa”, refere, esclarecendo que a alimentação que se compra nas lojas não é adequada aos cágados. Devido ao desconhecimento que há em relação a esta espécie e à forma como deve ser tratada, urgem acções de sensibilização ambiental e maior fiscalização por parte das autoridades policiais.

 Fotos gentilmente cedidas pelo Zoomarine do Algarve

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