domingo, outubro 02, 2011

Touradas

Tortura é Cultura?

Sempre justificadas como tradição, as corridas de touros – vulgarmente conhecidas como touradas – são, na verdade, um dos costumes mais bárbaros de um sector minoritário e ultrapassado da sociedade portuguesa. Por trás da suposta bravura dos cavaleiros tauromáquicos, dos bandarilheiros, dos forcados e dos demais intervenientes neste espectáculo medieval e degradante, esconde-se uma triste e horrível realidade – a perseguição, molestação e violentação de touros e cavalos que, aterrorizados e diminuídos nas suas capacidades físicas, são forçados a participar num espectáculo de sangue em que a arte é a violência e a tortura é a cultura.

O Touro Bravo enfraquecido para a Tourada

A vergonhosa realidade das touradas começa no seu princípio, quando os touros – principais vítimas desta barbaridade (além dos cavalos e das vacas, assim como dos novilhos, quando são usados ainda enquanto bebés e jovens) –, depois de terem já perdido cerca de 10% do seu peso na viagem da ganadaria (onde são criados e onde estão habituados a uma vida tranquila) para a praça de touros, devido ao stress, são mantidos nos curros, até à hora de entrarem na arena, onde a angústia e o medo vão sendo cada vez mais crescentes. Junta-se a isto o sofrimento físico, que aqui começa, não só porque os animais são conduzidos com aguilhões e à paulada, mas também porque, entre outros métodos de preparação, sofrem o horror de terem os seus chifres serrados, a sangue frio, para serem embolados (nas touradas portuguesas, os touros não têm sequer os seus chifres inteiros e expostos, para terem uma oportunidade mínima de se defenderem).

Tourada é Cobardia, Não é Valentia

Ao entrar na arena, os touros vão já fortemente enfraquecidos e feridos (devido aos chifres serrados a sangue frio antes da tourada), além de apavorados. O pânico do touro é tão grande, que fugiria deste cenário aterrorizador, se tivesse essa possibilidade. Ao contrário do que os defensores das touradas alegam, é possível observar a expressão de medo e de confusão dos touros sempre que entram na arena, e que se agrava quando a tortura da tourada se acentua, à medida que as bandarilhas e os restantes ferros (que podem ter comprimentos variáveis entre os 8cm e os 30 cm, além de terem arpões na ponta, para se prenderem à carne e aos músculos dos animais, rasgando os seus tecidos e provocando-lhes um sofrimento atroz, além de febres imediatas, acrescidas de um enfraquecimento acentuado pela perda de litros de sangue).

Cavalos – As Outras Vítimas das Touradas

Se os touros adultos e os novilhos (bebés e jovens) são vítimas das horríveis touradas, também os cavalos são brutalizados neste espectáculo de perversão e divertimento cruel. Na tourada à portuguesa, os cavaleiros tauromáquicos fazem o comum toureio a cavalo, expondo o cavalo às investidas que os pobres touros tentam, embora em vão, sempre para se tentarem defender. A cobardia dos cavaleiros tauromáquicos é tal, que, montando cavalos, cravam os ferros enormes no dorso dos touros, sem se exporem a qualquer perigo, enquanto os cavalos tentam esquivar-se, sofrendo com o pânico de se confrontarem com os touros, sendo comum ficarem feridos pelos chifres e pelas pancadas dos touros. Além disso, ao usarem esporas e ao serem extremamente agressivos com os cavalos para os forçarem a dirigirem-se aos touros, os cavaleiros rasgam as costelas dos cavalos, que ficam severamente feridos, sangrando consideravelmente.

Tourada é Tortura, Não é Arte nem Cultura!

Todo o decorrer da chamada corrida de touros à portuguesa consiste na “lide” de seis touros, habitualmente. Cada um dos touros é primeiro toureado pelo cavaleiro tauromáquico, que lhe crava cerca de quatro ferros compridos e, como referido, com amplos arpões na ponta. Seguidamente, é comum entrar em cena o bandarilheiro, que faz o toureio a pé, “lidando” um touro já febril, brutalmente enfraquecido, confuso e assustado. O bandarilheiro espeta, habitualmente, mais quatro farpas no dorso do touro, que assim vai continuando a ser exposto a todo este horror. Segundo os defensores da tourada, este espectáculo – que de nada mais se compõe a não ser da crueldade contra touros (e cavalos) – é uma arte, património da cultura portuguesa. Não será antes, objectivamente, um acto de tortura?

O Público da Tourada Aplaude a Violência e Regozija-se com o Sofrimento

Enquanto o touro é brutalizado na tourada, e enquanto o cavalo é também vítima desta brutalização, enquanto o sangue de ambos os animais escorre e mancha a arena em que este acto deplorável acontece, não são apenas toureiros (cavaleiros tauromáquicos e bandarilheiros) que participam nesta festa de sacrifício de animais – existe um público presente que, por minoritário que seja na sociedade portuguesa, aprecia e aplaude a violência a que assiste, regozijando-se com o sofrimento bárbaro que ali é infligido aos animais.

Os Forcados e a Pega, Ou a Continuação da Tortura

Depois do toureio, vem a “pega”. Os forcados, um grupo de dez indivíduos que vem “pegar” o touro, são habitualmente considerados os mais “bravos” de todos os intervenientes na tourada, onde nada mais do que cobardia, perversão e indecência se encontra. A “pega” consiste em enfrentar um touro que tem cerca de oito ferros cravados no dorso, que está gravemente febril e que já perdeu muitos litros de sangue, com a “bravura” de dez indivíduos que atacam um animal nestas condições, puxando-o, empurrando-o, pontapeando-o e esmurrando-o, puxando-lhe o rabo, por fim. Na tourada, na altura da pega, o touro é já praticamente incapaz de se manter de pé de forma minimamente capaz, pelo que a bravura dos forcados e da pega é, na verdade, um aproveitamento indecente de um animal severamente ferido.

Associações Académicas, Instituições de Beneficência e Igreja Católica Promovem Tortura de Animais

O escândalo das touradas é maior do que a própria existência de um espectáculo destes ser permitida pela lei de um país supostamente civilizado e apoiado por um público, ainda que residual e certamente perturbado. Algumas associações académicas, como a Associação Académica de Coimbra e a Federação Académica do Porto, apoiam garraiadas (touradas com “garraios”, ou seja, touros jovens ou ainda não totalmente desenvolvidos), como a Garraiada Académica de Coimbra, ocorrida há alguns meses em Coimbra, na qual estas imagens foram captadas. E, como se o envolvimento de associações de estudantes universitários neste genocídio não fosse já suficientemente grave, a própria Igreja Católica, nomeadamente através da Rádio Renascença, apoia e organiza touradas em Portugal. Diversas instituições particulares de solidariedade social estão também envolvidas nesta vergonha, nomeadamente as Santas Casas da Misericórdia, sendo a maioria destas proprietárias da maior parte das praças de touros portuguesas

Depois da Tourada, A Violência e o Sofrimento Seguem-se nos Curros

Depois da tourada, com o toureio a cavalo, toureio a pé e pega, cada touro regressa aos curros, horrivelmente ferido, com um sofrimento agonizante, onde, uma vez mais a sangue frio, lhe será cortada a carne e os tecidos musculares para lhe serem arrancados os ferros com os seus arpões, que lhe foram cravados durante a tourada. A dor é indescritível. Tanto nas touradas à portuguesa, sejam corridas de touros ou garraiadas, como nas largadas, touradas à corda, ou mesmo nas sortes de varas, tentas públicas e touradas de morte que, embora ilegais, acontecem em Portugal com a permissão das autoridades, os touros (e os cavalos) são as vítimas de um espectáculo com características extraordinariamente cruéis, envergonhando Portugal, por ser um país em que cerca de 3.000 touros e 100 cavalos por ano sofrem indefesos o mal que é a tourada.




Touradas da Morte

A LUTA

Uma tourada é dita como uma "luta de vida ou de morte", entre o homem e a besta. No entanto, a realidade é bem diferente – na verdade, o touro não tem a mínima hipótese. Antes de entrar na arena é às vezes "desfavorecido" – apesar de ser oficialmente ilegal – sendo os seus chifres limados para que falhe qualquer tentativa de marrar o matador. Normalmente, um cirurgião veterinário, que está presente antes, e durante a tourada, tem de declarar que cada touro cumpre as exigências necessárias, em relação a saúde, idade e peso. No entanto, alguns destes veterinários podem fazer parte do estabelecimento tauromáquico e portanto dirigirem eles mesmo algumas manipulações.

A maior parte das touradas tradicionais passam por severas fases distintas.

O Animal sai após estar encerrado numa jaula horas, sem comer, sem luz, de modo a que veja o sol e seja por ele ofuscado, um animal perdido no meio de estranhos ruídos. Aí aparecem os toureiros. A sua tarefa é "aquecer" o touro, fazendo-o correr à volta da arena, permitindo ao atento matador ter uma idéia das características do touro.

Nesta altura entra, e dá alguns passos com uma capa vermelha.

A seguir o picador, a cavalo, entra na arena. Tem a tarefa de ferir os músculos do dorso do touro com uma afiada lança de uns longos 14 cm. Mais de três ou quatro golpes serão desferidos. Isto deixa o animal com dores horríveis. O sangue jorra em grandes quantidades e a sua mobilidade é reduzida.

Na segunda fase da luta, os bandarilheiros entram na arena. Empunham as suas bandarilhas e tentam lançar seis delas nas feridas criadas pelo picador. Com cada movimento do touro, as bandarilhas também se movem, dilacerando a carne e os nervos. A terrível e tortuosa dor induzida pelas bandarilhas e a destruição dos músculos do pescoço dificultam ao touro a subida da cabeça acima de um certo nível.

Com a criatura neste estado, o matador entra na arena numa celebração de bravura e machismo.

Não chega a haver qualquer luta, já que neste momento o touro está exausto, confuso e a morrer lentamente por perda de sangue. O matador dá alguns passos com a sua capa vermelha (vermelha para esconder o sangue, não para provocar o touro, que é daltônico) e é suposto mostrar as suas capacidades, introduzindo uma longa espada no coração do touro.

No entanto, são poucos os matadores que têm a habilidade para matar o touro tão rapidamente.

Normalmente, a espada será repetidamente impelida no corpo do touro, com dores insuportáveis, enquanto cai, lutando até à exaustão pela sua sobrevivência. A maioria dos touros morrem sufocados no seu próprio sangue porque o matador perfura os pulmões em vez do coração. Se o animal ainda se encontra vivo, um punhal fará um golpe no seu pescoço para desunir o seu nervo espinal, paralisando o touro antes de o matar. Se o trabalho tiver "bem sucedido", poderão ser cortadas as orelhas e/ou a cauda do touro e atirá-la à audiência como recordação.

Texto e fotos ©WSPA

Por tudo isto temos que:
1. Lutar pelo fim das Touradas em Portugal e em todos os Países onde este bárbaro "espetáculos" se realize.

2. Promover e apoiar medidas na defesa dos direitos dos Animais.

3. Criar condições para a realização de campanhas Anti-Touradas a nível Nacional e Internacional.

4. Evitar que sejam gastos dinheiros públicos na realização de Touradas.

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