domingo, setembro 19, 2010

Um simples hambúrguer emite dois quilos de carbono

Uma empresa norte-americana está a promover um tipo de alimentação pobre em emissões de carbono para diminuir o aquecimento global. Cada ciclo de produção dos alimentos provoca determinadas emissões de gases de efeito de estufa. A carne de vaca é a mais poluidora

Esqueça calorias e gorduras e pense em dióxido de carbono e gases poluentes. A saúde com que estamos a lidar aqui é a do ambiente e a alimentação humana faz pior à atmosfera do que aquilo que pensa. Uma simples torrada com manteiga ao pequeno-almoço significa 106 gramas de CO2 na atmosfera. Mas se pensarmos em refeições mais substanciais, como um bife ao almoço, esse número sobre para 4793 gramas. Já um hambúrguer com queijo emite 2826 gramas. O cálculo foi feito pela empresa norte-americana Bon Apétit Management Company (Bam-co), que quer que as pessoas adoptem uma alimentação mais sustentável para ajudar no combate às alterações climáticas.
"O sistema alimentar - a forma como plantamos e colhemos, transportamos, refrigeramos, preparamos e deitamos fora o que comemos - é responsável por até um terço das emissões de carbono mundiais. A missão da nossa empresa de restauração é dirigir restaurantes e cantinas e educar chefs e consumidores sobre como as suas escolhas alimentares afectam o aquecimento global", explicou ao DN Helene York, directora da Bamco.
Ana Rita Antunes, da Quercus, refere duas componentes na alimentação que contribuem para as emissões de gases causadores de efeito de estufa: o consumo de carne e o local de produção dos alimentos: "O consumo de carne tem uma pegada carbónica superior aos outros alimentos, especialmente por causa da produção. Por outro lado temos os locais onde os alimentos são produzidos. Para Portugal, os alimentos que vêm das américas ou da Ásia produzem muito mais emissões por causa dos meios de transporte", diz.
O metano e o óxido nitroso, dois gases causadores de efeito de estufa, são provocados principalmente pelo sistema alimentar. O metano é 25 vezes mais poluente que o dióxido de carbono e o óxido nitroso provoca 300 vezes mais danos. Na prática o que a Bamco sugere às pessoas que alterem a sua alimentação para produtos mais sustentáveis. "Especificamente para os portugueses, o que aconselhamos é que, por exemplo, prefiram as espécies mais pequenas de peixe, que pedem menos energia para serem capturadas, em vez de espécies grandes como o atum-vermelho - mesmo que esta seja uma espécie 'local'. Ou que evitem comprar produtos exóticos, como forma de seguirem uma dieta pobre em carbono", explica Helene York.
A norte-americana sugere, também, que se aposte nos vegetais e fruta, em vez de carne - em especial a de vaca - e queijo. Nos vinhos também prefira os locais. Por exemplo, uma porção de tofu emite 1100 gramas de dióxido de carbono - um bife são 4793 gramas - o que faz deste alimento uma alternativa mais sustentável: "Poder reduzir em 75 por cento o número de emissões, só trocando a carne por produtos vegetarianos, é uma mudança brutal", diz Ana Rita Antunes. Para a ambientalista, "temos de ter a consciência de que a alimentação baseada em carne, além dos riscos para a saúde, tem um grande impacto ambiental [ver caixa]". "É tudo uma questão de escolha e está nas nossas mãos. Há dados significativos que os povos que consomem mais carne são responsáveis por mais emissões", acrescenta.
A preocupação com as emissões alimentares não deve acabar no momento em que se cruzam os talheres: "Toda a gente come, por isso as pessoas deveriam consumir apenas as quantidades adequadas e não desperdiçar nada. A comida em decomposição produz metano", avisa Helene York.

Fonte: DN

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