quinta-feira, abril 15, 2010

Espanhóis estão a vender toiros a preços de saldo para touradas em Portugal

Empresários de praças da região já compraram alegando que os toiros de Portugal estão magros devido ao Inverno rigoroso


fotoOs espanhóis têm mais facilidade em entrar no mercado português porque não são obrigados a registarem-se em associações de criadores, enquanto as ganadarias portuguesas para venderem no país vizinho têm que pagar quotas em associações de Espanha.

As ganadarias espanholas estão com um excedente de milhares de toiros que não foram vendidos para corridas de toiros no ano passado e estão a tentar introduzi-los a preços de saldo em Portugal. Alguns empresários tauromáquicos que exploram praças na região já fizeram negócio com os criadores espanhóis, como é o caso de António Manuel Cardoso. Na corrida que promoveu no domingo em Salvaterra de Magos apresentou um curro de seis toiros com cinco anos e com pesos a rondar os 600 quilos, da ganadaria espanhola “La Plata”.

Alguns empresários e criadores portugueses dizem que ganadarias de segundo e terceiro plano chegam a vender os toiros a menos de metade do preço que é praticado em Portugal. António Manuel Cardoso diz que o preço praticado pelos ganadeiros do país vizinho é tentador, mas esclarece que não é só isso que o leva a preferir os animais importados. É que, sublinha, o Inverno em Portugal foi muito rigoroso e os toiros não têm apresentação, não têm peso, para serem apresentados em praça. Um argumento que é partilhado pelo presidente da única associação portuguesa de toiros de lide, João Santos Andrade.

O presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, que tem sede em Samora Correia (Benavente), diz que tem havido alguma apreensão sobre a importação de toiros espanhóis, mas pessoalmente não se mostra preocupado. João Santos Andrade, que também é responsável pela ganadaria ribatejana Prudêncio, refere que estamos num mercado livre e que a manter-se o número de corridas dos últimos tempos não existem toiros suficientes no nosso país. E lembra que as ganadarias portuguesas também exportam para Espanha.

O problema é que os portugueses têm mais dificuldade em entrar no mercado vizinho, porque são sujeitos a uma burocracia muito maior. Os criadores portugueses para exportarem são obrigados a estarem inscritos em associações espanholas. No nosso país não existe essa obrigatoriedade em relação aos criadores do outro lado da fronteira. Por isso, garante João Santos Andrade, está-se a tentar junto do Governo que a legislação seja alterada para criar também essa obrigatoriedade. “Não por uma questão de proteccionismo dos criadores nacionais, mas para que exista tratamento igual, para que as regras sejam as mesmas nos dois lados da fronteira”, sublinha.

Para o ganadeiro Joaquim Grave, que recebeu o prémio Personalidade do Ano na área da tauromaquia atribuído por O MIRANTE, não há nenhum drama em que os espanhóis venham para o mercado nacional, porque “nós também há muito que estamos no mercado deles”. “Estamos num mercado livre”, sublinha. E é com base nessa liberdade que o empresário Ricardo Levezinho, que explora a praça de Vila Franca de Xira, apesar de considerar os preços dos espanhóis sedutores, tem escolhido ganadarias portuguesas.

No entender de Ricardo Levezinho os toiros que os espanhóis querem vender para Portugal são os que sobraram da época passada e por isso, realça, “são segundas e terceiras escolhas”. Levezinho chegou a ir a Espanha ver toiros, mas realça que os que estão para ser despachados, porque estão a custar dinheiro ao criador e se passar muito tempo já não podem ser corridos, não oferecem as condições de qualidade que pretende.

Fonte: Mirante


Espanhóis vendem touros mais “baratos” para touradas em Portugal | ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais

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