Uma pequena pele de foca branca em bom estado custa cerca de $7000 USD. Não admira por isso que esta actividade seja tão rentável e que os seus praticantes tentem por todos os meios não danificar as peles, mesmo que isso signifique usar métodos cruéis de abate. Um deles é um tiro na cabeça puro e simples; a morte é instantânea mas a pele fica com o orifício do projéctil. O outro método é mais brutal e consiste no espancamento do animal com um bastão de madeira, o hakapik, deixando a pele intacta. Pormenor importante: mais de 90% das focas mortas por este processo têm apenas algumas semanas ou mesmo dias de idade.
Paradoxalmente este tipo de caça, tão ou mais cruel do que a caça à baleia, é permitido em alguns países. Um deles é o civilizado Canadá, sujeito a enormes pressões internacionais, que a seu favor argumenta que esta prática se encontra interdita para fins comerciais e que apenas concede licenças a particulares. Não obstante, estipulou uma quota anual de um quarto de milhão de focas brancas... O único país que ainda permite esta actividade primitiva é a Rússia que, além do mais, possui criações intensivas de focas em cativeiro.
São aos milhares os animais criados em quintas como esta, em Arkhangelsk Oblast, na região Noroeste do território da Rússia. Talvez não devamos chamar-lhes "quintas" e sim campos de concentração". As focas bebés são transportadas para lá ao monte e quando atingem um mês de idade são barbaramente mortas à bastonada. Só assim se mantêm as qualidades da sua pele, quente, sedosa e de um enorme glamour, afirmam os especialistas e os consumidores deste tipo de produto.
Tudo neste tipo de actividades é imoral, a começar naqueles que a fomentam, ou seja, os consumidores de peles de animais. Mas também são imorais os preços exorbitantes e os lucros auferidos pelos comerciantes e intermediários. Enquanto que os preços de uma simples pele ultrapassam os milhares de dólares, o salário médio daqueles que fazem o trabalho sujo e mancham as mãos de sangue ronda os $150 / mês. Para eles é muito dinheiro. A matança continuará enquanto houver quem goste de usar peles ao pescoço.
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