quinta-feira, maio 18, 2006

Regresso das touradas ao Campo Pequeno concentra centenas de manifestantes

Centenas de manifestantes de várias organizações concentraram-se hoje pelas 20:30 junto ao Campo Pequeno protestando ruidosamente contra o regresso das touradas a Lisboa, no que era entendido por alguns aficionados como uma provocação. Remetidos pela polícia para uma das entradas laterais da praça e posteriormente contidos por um cordão policial, os manifestantes gritavam slogans como "Tourada não é cultura, é tortura" e chamavam assassinos aos aficionados, que reagiam rindo-se ou repudiando as palavras de protesto. Segundo os números da Polícia de Segurança Pública, a concentração reuniu cerca de 500 manifestantes.
 A plataforma que reúne várias associações de direitos dos animais foi ao Campo Pequeno para sensibilizar "os fãs dos espectáculo" que consideram "um cancro social ao nível do autos de fé, da escravatura e de outros comportamentos bárbaros, que um grupo pequeno insiste em manter vivos", disse à agência Lusa, Carla Carvalho, dessa plataforma. Para os estudantes Pedro e Ivo, a mensagem assumidamente "extremista" é a melhor solução - na faixa que seguravam lia-se "és tão culpado, cÓ, pagaste para matar pela tradição" - entretanto "censurado" por intimação policial. "É um entretimento reles e um retrocesso que já devia estar ultrapassado", afirmaram à agência Lusa, defendendo que chocar é a melhor maneira de chamar a atenção dos aficionados. Pelo contrário, o gerente comercial Rui Silva, aficionado desde miúdo, considerou o regresso das touradas a Lisboa como "um bem muito necessário". Para ele os protestos dos manifestantes são "uma provocação que não se admite", afirmando que as palavra de ordem como "touros na arena nem mais um" ou "tourada é cobardia não é valentia" não lhe dizem nada. "Se são tão protectores dos animais deviam estar em casa a tratar dos deles", argumentou. Entre os aficionados ouviam-se várias ironias como "deviam era soltar aqui um touro" ou "gostava de vê-los em frente a um touro".
 Apesar das posições diferentes, Pedro Pereira, da plataforma Unidos Contra as Touradas, pretende que este seja um protesto pacífico ao contrário de experiências anteriores em que ocorrerem confrontos. Segundo o representante da plataforma, os manifestantes estão aqui "com algum receio" porque, justificou, as pessoas que gostam de touradas "cultivam a agressividade".
 Outra das associações presente na manifestação, a ANIMAL, apelou à pressão económica contra as touradas através de boicote e pressão junto das lojas da galeria comercial para que "cessem actividades neste espaço ou para que levem a administração a não autorizar a realização de touradas", disse Miguel Moutinho da associação. Para o representante da ANIMAL "é um absurdo" que seis anos depois as touradas tenham regressado ao Campo Pequeno: "é andar para trás", considerou. Para os manifestantes a praça de touros deve ser utilizada para outros fins culturais como espectáculos, concertos, mas não para corridas de touros.
 Hélder Constantino da Animal Defenders International, que empenhava um cartaz dizendo "Touradas - A vergonha total", viajou esta manhã de Londres para se juntar a este protesto e defender que Portugal "não deveria continuar com as touradas", uma actividade que acredita que "poderá afugentar turistas". Os manifestantes contam com um buffet de um restaurante vegetariano que está a servir hambúrgueres de soja e batata acompanhadas com salada de beterraba, cenoura e batata e feijoada de seitan.
 A manifestação "transformou-se" num concerto do grupo feminino de percussão "Tucanas" que tocaram tambores e bidões.

 Fonte

Sem comentários:

Enviar um comentário